Só chega às estradas mundiais no próximo ano mas a cavallino rampante já desvendou os primeiros detalhes do futuro Ferrari Elettrica.
"É uma adição à gama e não uma transição" para o mundo eléctrico, especificou o director executivo Benedetto Vigna aos investidores presentes esta quarta-feira à noite no quartel-general da construtora em Maranello.
Concebido como um GT de quatro lugares, o super eléctrico irá equipar dois motores no eixo dianteiro e outros dois no traseiro para uma potência superior a 1.000 cv no modo boost.
Os dois motores à frente irão debitar 210 kW (286 cv) e 3.500 Nm, enquanto os dois propulsores atrás assumem 620 kW (843 cv) e 8.000 Nm.
A tracção integral é gerível por via electrónica sem esquecer a tracção traseira para os mais puristas. Certo é que, com esta configuração, são prometidos 2,5 segundos dos zero aos 100km/hora para uns máximos 310 km/hora.
Uns desportivos 2.300 kg…
Com uma distância entre eixos de 2,96 metros, o chassis inspira-se nas berlinettas de motor central traseiro da insígnia italiana mas a ausência desse propulsor permite beneficiá-lo com um centro de gravidade 8 cm mais baixo.
Face a uma distribuição de peso quase perfeita (47% à frente e 53% atrás), inédito na história da marca é a montagem dum subchassis traseiro, projectado para absorver as vibrações e reduzir o ruído sem comprometer uma condução precisa.
O Elettrica será também o super desportivo mais pesado na história da Ferrari com as suas 2,3 toneladas, mercê duma bateria de 122 kWh brutos integrada directamente ao chassi para melhorar a rigidez e a segurança.
Composta por 15 módulos e 210 células, permitirá uma autonomia superior a 530 quilómetros, admitindo recarregamentos até 350 kW graças à arquitectura eléctrica de 880 volts da plataforma.
… sem perder o ADN da marca
Aos mais renitentes em aderir à electromobilidade, a Ferrari salientou que não foi "abandonado" o ADN por que são reconhecidos os seus super desportivos, com cada detalhe técnico apontado a estimular os sentidos do condutor.
As clássicas patilhas montadas no volante deixam de controlar as passagens de caixa para agora definirem a seleção sequencial de cinco níveis de potência e de binário.
Denominado Torque Shift Engagement, a patilha da direita recria a sensação das trocas de marcha enquanto a da esquerda regula a regeneração de energia nas travagens.
Pode contar-se ainda com o famoso Manettino à direita do volante para gerir os modos de condução (Ice, Wet, Dry, Sport, ESC-Off); à esquerda, o eManettino orquestra os modos de potência, transmissão e condução (Range, Tour e Performance).
Rugido artificial
Falta apenas o "barulho bom" exalado pelo motor a combustão, que neste caso é "compensado" por um sistema acústico que amplifica as vibrações dos propulsores traseiros.
A Ferrari explica que será produzido um rugido "autêntico, orgânico e evolutivo" mas só no início do próximo ano se saberá quando o Elettrica revelar as suas linhas finais.
Várias fotografias camufladas do GT sugerem um perfil mais baixo e aerodinâmico do que a do Purosangue, para um comprimento em redor dos 4,90 metros.
Entretanto, esta quinta-feira a Ferrari irá revelar os detalhes da sua estratégia para os próximos anos às centenas de investidores e analistas financeiros convidados para esta apresentação em Maranello.
O objectivo da construtora é claro: proteger as suas significativas margens de lucro, que no primeiro semestre deste ano foram de 23,4%, correspondentes a 837 milhões de euros, num sector automóvel de luxo em rápida transformação.
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